Guilherme Fiuza para a Forbes
Quando a Polícia Federal anunciou a prisão de quatro hackers
suspeitos de invadir o telefone de Sergio Moro, houve uma reação imediata e
massiva nas redes sociais: #HackerDeTaubaté. Tradução: a polícia estaria na
pista errada, ou ao menos lidando com suspeitos desimportantes – no caso, uns
bagrinhos de Araraquara.
Veja que fenômeno interessante: é exatamente o mesmo tipo de
reação que ocorreu por mais de dez anos a cada vez que um delinquente ligado a
Lula era flagrado. Eram sempre “aloprados” – ou seja, bagrinhos trapalhões
tropeçando por conta própria sem o conhecimento do grande chefe. Valério,
Waldomiro, Silvinho, Delúbio, Vaccari, Valdebran, Gedimar, Bumlai, Cerveró,
Pizzolato, Rosemary, Vargas, Bargas, Delcídio… É uma floresta de aloprados que
não tem fim.
Foi Sergio Moro, à frente da Lava Jato, quem conseguiu
depois de mais de década acabar com a famigerada instituição do “Lula não
sabia” e prendê-lo como chefe de quadrilha.
Por enquanto, a força-tarefa que Moro coordenou é exceção no
Brasil – ou seja, continua muito forte a cultura de dissimular
responsabilidades. Mesmo com a dupla condenação de um ex-presidente que é réu
em uma dezena de processos, ainda há espaço para o discurso da perseguição
política e prisão injusta do pobre milionário. Nesse ambiente, a identificação
e punição de todos os mandantes da invasão do telefone de Moro é crucial. Não
tenha dúvidas de que vão te oferecer uma historinha
com aloprados de várias patentes – agindo à revelia e sem
comando nenhum.
O assassinato do prefeito Celso Daniel, crime político que
expôs a podridão do modus operandi petista, atravessou quase duas décadas com
extermínio em série de testemunhas sem chegar aos mentores ou cúmplices de alta
patente. No dia que esfaqueou o líder das pesquisas na eleição presidencial e
atual presidente da República, o ex-militante do PSOL Adélio Bispo teve seu
nome registrado por alguém como visitante na Câmara dos Deputados. O autor do
atentado tinha dinheiro e vários aparelhos de telefone, mas o Brasil
aparentemente está aceitando a versão de que é mais um aloprado de outro
planeta.
A rede de arapongagem fantasiada de jornalismo investigativo
que atentou contra Sergio Moro é bem coordenada e sabe exatamente o que faz. A
polícia precisa revelar a cadeia de comando completa desse crime.

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